"O Horácio"

Conto inédito e real

No dia 17 de Março pelas 13.30h, no recreio da nossa escola, encontrámos o Horácio.
O Horácio é um pequeno insecto preto dourado, com duas asas, seis patas minúsculas e duas antenas.
Vimo-lo na rampa da entrada, a caminhar, denotando algum nervosismo.
A Beatriz Losa pegou num papel para o apanhar. Tarefa extremamente difícil porque ele não queria colaborar. Finalmente, conseguimos trazê-lo par a sala de aula. Cuidadosamente metemo-lo numa caixinha de afia, colocámos bocadinhos de relva para se alimentar e discutimos entre todos a sua custódia. Cada um levaria um dia o Horácio para casa, só que, de repente, o Horácio desapareceu, e à noite, a Daniela encontrou-o na sua mochila. Estava morto, esmagado entre dois livros.
Trouxe-o para a escola e decidimos preparar-lhe o funeral. A Daniela fez o caixão e o jazigo, a Bruna fez de Padre e a Beatriz Nibra fez o seu retrato e escreveu o nome para o identificar.
Qual não foi o nosso espanto, quando no dia seguinte verificámos que o pobre animal tinha sido devorado pelas formigas!
Estão impressionados? Não vale a pena. A isto se chama a cadeia alimentar.
Ah! Esqueceu um pormenor importante. É que no dia em que ele morreu, toda a turma decidiu guardar um minuto de silêncio. Era uma homenagem e um sinal de respeito e tristeza.
Os dias foram passando e no meio da agitação do intervalo, encontrámos o seu primo no parque das brincadeiras, aquele que tem um piso vermelho e fofo para não nos magoarmos. Metemo-lo numa caixinha redonda, colocámos-lhe comida fresca e tenra e preparámo-nos para o adoptar. A Professora apareceu, tirou uma fotografia, mas o finório levantou asas e voou. Nunca mais lhe pusemos a vista em cima.
Se por acaso o encontrarem, digam-lhe para aparecer à porta do 4º J.